(Helen de costas, sentada, escrevendo, como na Cena 1. Está alheia a tudo que acontece ao seu redor no quarto, não percebe entre frestas da cortina, a manhã chegando.)
Helen:
"E aqui estão as minhas memórias. Ganchos de lembranças sem começo e sem fim. É o período de uma vida afogada em saudade e sufocada pelo medo de seguir só.
(Enquanto Helen escreve o capítulo final de seu livro de memórias, Helen Jovem, com seus 15 anos, entra em cena, dirige-se à gaiola do pássaro, colocando-a exatamente na fonte de luz. Tira o pano que o cobre e abre a porta da gaiola. Nada acontece.)
Helen:
Em mim, resta a sufocante poeira deste quarto. Me sobra apenas falar com fantasmas, ouvir risos e questionamentos de um passado tão presente, tão pulsante... um sopro de vida em tempos asfixiantes.
(Helen Jovem, com seus 20 e poucos anos, também em cena, abre gavetas e guarda roupas na mala de viagem. Fecha a mala, leva até a porta e abre a porta. Nada acontece.)
Helen:
E é aqui que me decido. É neste meu presente, muito acreditado morto e sombreado por memórias mais vivas que minha própria existência no aqui e agora. Por hora decido pelo ponto final deste livro. E esperar que amanheça."
(Escurece. Ouve-se barulho de duas portas se fechando: uma de ferro e outra de madeira.)