( Uma floresta. Helen ainda jovem, por volta dos 15 anos de mãos dadas com seu pai. Assistem ao nascimento de um pássaro. )
Helen Jovem:
Divino. Simplesmente divino.
Pai:
E ao mesmo tempo, devastador. É sufocante pensar nessa luta para quebrar a casca do ovo e sair. Ver a luz pela primeira vez. A incerteza de não saber se vai haver alguém do lado de fora pronto pra amá-lo ou destruí-lo. O frio... Como deve estar frio para ele.
Helen Jovem:
Ou ela.
Pai:
Quando você nasceu, eu e sua mãe decidimos mudar para este lugar. Tão ensolarado, cheio de luz e vida. Foi preciso para que você crescesse assim. Esse lugar fez de você uma criança livre, sem medos. Onde morávamos, no norte, o frio deixaria você pálida, infeliz e...
Helen Jovem:
... e talvez eu nunca iria presenciar o nascimento de um pássaro. Pelo menos não desse pássaro. O frio não é lugar adequado para aves, não é?
Pai:
O frio, o escuro, a noite que não passa... Não é lugar adequado para ninguém. Não é lugar para você, meu amor. Nem este pássaro, nem você foram feitos para se deixarem aprisionar. Não resistem ao frio e nem às gaiolas escuras. Escuta, me faz um favor? Deixe sempre o sol entrar em você, deixe sempre as janelas abertas, onde quer que você esteja.
Helen Jovem (para o pássaro):
Pronta para voar?
Pai:
Ainda não. Precisa se alimentar primeiro. Mas o mais importante é que se precisa de companhia e coragem. Não se deixa um ninho estando sozinho e sem coragem.
O interessante dessa cena, é comparar com a Cena 1 - Ninho Escuro, e imaginar a trajetória da personagem entre a claridade do nascimento e a escuridão a qual a personagem se encontra no presente.
ResponderExcluir